quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Curiosidade e fofoca

Quem não fica feliz em ser surpreendido? Há, também, quem não consiga controlar o péssimo hábito de especular, investigar, supor... Enfim, infeliz é quem não dá espaço para esperar pelo inesperado!

Tem também aquele tipo curioso, que cai frequentemente no pecado da língua. Fala demais! Precisa de que alguém corrobore com suas teses e hipóteses. E vai falando, procurando aprovação, quebrando o silêncio que traz em si o respeito pelo que o outro vive, como se fosse um detetive frustrado a procura de uma boa causa: mas a causa não existe, não exige esforço, não há patrão que o pague pelo serviço, não há demanda que justifique a afobação. Não, não há.

E como é desagradável relacionar-se com quem sustenta seus assuntos apoiados na vida alheia, nunca se surpreende com nada, não se permite sentir o cheiro do suspense. O pior: sempre sabe de tudo (ou quer saber)!

O fofoqueiro é um ladrão, rouba a paz e a verdade dos fatos. Rouba a serenidade do processo comunicativo e condena – sem querer querendo - quem, muitas vezes, já foi ou está sendo penalizado por alguma situação.

Vamos libertar as pessoas do alvo de nossas conversas, vamos libertar os nossos próprios amigos da infelicidade de conviver com a insegurança e a desgraça da curiosidade desordenada. O essencial dos relacionamentos nos aguarda.

Quero falar que é bom ser surpreendido! As surpresas, até as que não são boas, nos tornam pessoas mais humanas, mais simples, mais humildes, inclusive. É importante esperar. E nutrir uma espera é diferente de especular. A espera nos liberta dos excessos, das armadilhas do tempo. Liberta o coração para esperar mais em Deus do que nos homens.