segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O tempo, meu amigo.

Quantas vezes eu já ouvi falar em "tempo de Deus", "espera", "purificação"... Nomes, nomenclaturas, falas, dizeres. Conceitos para incentivar a abertura do meu coração diante do processo necessário - por tantas vezes inexplicado, sem o selo de validade - para que as construções dEle se fizessem reais no meu canteiro.
Tantas vezes acolhi o "tempo de Deus" como aquele que é alheio ao meu, distante, sempre diferente e, de tão distante, até prejudicial a mim.
Minha vida e o "tempo de Deus". O tempo de Deus, sem as aspas, e o meu tempo. O tempo dEle é o meu tempo. Não o tempo que escolhi para viver, o tempo que calculei, planejei, medi. Não. O tempo dEle é o tempo mais oportuno para mim. O tempo dEle, e meu também, é fator expressivo na construção da eternidade em mim. É o nosso tempo, o meu e o de Deus, porque Ele quer assim. É o meu tempo, porque este é submetido ao Amor dEle. Bendito tempo que proporciona a cura das feridas, o mapeamento do ambiente, a preparação da massa, a seleção dos tijolos.
O tempo que permite o olhar sobre as antigas construções, o tempo que - na destruição do velho - prepara, às vezes sem a minha permissão ou conhecimento, para o novo. O tempo que sugere a espera, espera que enlarguece, faz parar, faz partir, faz chorar e faz sorrir. A espera que nutre a esperança. A espera que movimenta meus passos em direção ao Mestre das Obras. Afinal, a Obra é do Alvener, mas é desejo dEle que eu suje as mãos, os pés e finalmente, o corpo todo. Não associando o verbo sujar a uma conotação negativa, mas sujar-se, envolver-se, tornar-me parte, uma coisa só. Ele quis assim, Ele quer assim. Quis tantas vezes que eu mesma ferisse a rocha para lá construir o que Lhe aprouvesse. Outras vezes, sob a ação do tempo, Ele mesmo, em ato de profundo amor, tornou mais profunda a fenda da rocha. Rocha tão bela, tão rude, tão fecunda. Rocha que recebe vida, a minha vida. Rocha que guarda exigências, sinais, profecias, respostas.

Sim, Senhor... O Teu tempo é o tempo meu. Tempo que me ajuda a olhar diferente, a amar diferente, a esperar diferente, a esperar por Ti e em Ti, somente. Neste tempo, neste amor, eu abraço as exigências e bênçãos que o Teu amor deseja nos dar.
Porque Tu és sempre sim. Mais uma vez, obrigada, Senhor.


Até as próximas letras.
Shalom!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Espera.

"Sem dúvida, aquilo que tu desejas não o vês ainda, mas o desejo te torna capaz, quando vier aquilo que deves ver, de ser saciado. Suponhamos que tu queiras encher algum objeto em forma de bolso e conheces a superabundância daquilo que está para receber; tu alargas aquele bolso, saco, odre ou qualquer outro objeto do gênero; conheces quão grande é aquilo que tu queres pôr nele; com algum esforço, aumentas a sua capacidade. Da mesma forma Deus, fazendo esperar, alarga o desejo; fazendo desejar e engrandecendo a alma, torna-a capaz de receber. Então desejemos, irmãos meus, porque deveremos ser saciados."
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Santo Agostinho, In: Epistolam Joannis ad Parthos, PL XXXV, IV, 6.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008


Hoje o assunto é cuidado, espera, providência, compromisso. Hoje posso ser mais clara nas letras. Hoje posso nomear as benditas letras. O meu assunto tem nome: É Camilo.
Hoje posso gritar para o mundo todo ouvir. Gritar o quê? Que Deus é Fiel... Não como um jargão que se escreve em outdoors, pontos de ônibus, guardanapos ou bloco de anotações, ou mesmo algo que se diga para convencer algum coração sem a experiência de se colocar inteiro e disponível a essa fidelidade. É o grito de uma moça que experimenta da fidelidade de Deus, do Amor paciente, compassivo e tolerante de Deus.
Um caminho difícil, educador, cheio de alegria, bom humor, desafios... Sim, um caminho longo. Pouco mais de 300 dias de espera consciente. Nos 300, eu observei, mapeei alguns gestos, conheci, me dei a conhecer... Encantei e fui cativada, me doei e recebi muito mais do que esperava. Confiei, desconfiei. Aproximei-me, fugi, corri, não me cansei, não desisti... (chorei muito, rs). Apaixonei-me (!) Então, foi-me revelada, silenciosamente, uma figura singular. Especialmente especial em todos os sentidos. Um rapaz diferente de todos... Diferente de mim, mas ao mesmo tempo, tão igual. Um filho da Virgem. Tão belo de longe, mas havia sempre a inquietude da necessidade de tê-lo mais perto, mais ainda e mais um pouco. Não ao lado ou próximo a mim, mas como é hoje, do lado de dentro.
Abro um parêntesis para fazer menção às minhas partilhas sobre o tal singular com o Padre Eduardo, minhas dificuldades em compreender o que as palavras mudas, o olhar falante e um elo, que superava toda e qualquer incoerência, A Vontade de Deus.
E eu encontrei consolo, refúgio. Eu encontrei o colo da Virgem Maria, que de forma particular, desde o início, na figura da Virgem da Ternura, literalmente, nos abraçou. Abraçou a nossa causa como aquela que está disposta a antecipar as horas e atrasar todos os relógios do mundo para que seus filhos, Narlla e Camilo, segurassem a onda e vivessem a vontade de Deus. Nossa Senhora do Silêncio, que mesmo nas lutas sangrentas que eu tinha com a minha vontade, não desistiu de me amar e me formar, ensinando que sempre, sempre, a Vontade de Deus é o melhor lugar, o tempo dEle é o oportuno, e por mais de 300 dias, o silêncio, a espera e a oração, eram, de fato, o lugar mais seguro. O terreno mais fértil para "segurar a onda" e as ondas que viriam.
Foi aí o confronto arrojado das marcas que o pecado deixou em mim com a esperança e chamado a viver e lutar em um caminho novo.
A Senhora da Paz, que no dia 8 de julho, quando ele ligou para dividir comigo a notícia de que partiria em missão, pela Igreja, como Shalom, para a Inglaterra – ficar lá por 2 anos – me conduziu ao coração de Jesus. Levou-me para lá porque com a minha inteligência e minhas pernas curtas eu não chegaria nem na esquina. Foi a Senhora da Paz que me levou à Paz. De julho até hoje... Meses se passaram, os fatos, aparentemente, tornaram-se mais incoerentes ainda. Deus, por sua vez, não. Deus, sempre coerente e constante. Sempre justo, diante da minha infidelidade e imaturidade. Minha cegueira e questionamentos. Hoje eu olho para trás e agradeço a Deus por tudo que disse a Ele, todas as vezes que quis fugir, mudar de cidade (rs), correr pra longe, longe de mim, longe dos meus formadores – que têm papel fundamental nessa história toda. Nossa liberdade, a minha e a de Deus... Como ela cresceu – e como ela vai crescer!
Então, um belo dia, Deus me deu uma graça especial. O Amor é a renúncia dos bens pequenos por um Bem Maior. O amor é livre, liberta, acredita e me conduz, sem hipocrisia e falsa modéstia, ao último lugar. Primeiro Deus, depois a humanidade, depois... Feliz última, feliz terceira, feliz Narlla.
A Virgem da Paz à frente, com o relógio na mão e com as graças, também.
O tempo passou... Eu experimentei, inexplicavelmente, junto com ele, que o que é de Deus não passa em 300 dias, em 2 anos, o que é de Deus fica. Simples, Íntegro e Coerente. Deus é assim... Não deixa nenhuma obra inacabada, nenhuma semente sem cuidado, nenhuma cruz sem ressurreição. Deus nos marca todos os dias com Sua perfeição, porque, sabendo que somos os piores, os vasos de barro, nos dá a coragem dos que deram a vida por Ele para alcançarmos o céu.
E nós somos felizes, felizes terceiros, felizes missionários, felizes namorados.
E a Obra de Deus está apenas começando!

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Shalom!
"A medida da espera será a medida da alegria" - Maria Emmir Oquendo Nogueira

Que maravilha! Papai não é perfeito!!!

Maria Emmir Oquendo Nogueira
Comunidade Católica Shalom

Dentre as frases mas famosas de nossa infância, você e eu, com certeza, nos lembramos de algo como: "Se você for bonzinho, Papai do Céu vai ficar feliz!"; "Olha só! O anjinho da guarda está chorando! Você foi mau com seu irmãozinho! Que coisa feia!" Este tipo de frase, repetido à exaustão durante nossa infância, pode ter tido, pelo menos, três efeitos devastadores.O primeiro é a impressão de que Deus só nos ama se formos perfeitos e se fizermos tudo de forma perfeita. Como sabemos, isto é a mais redonda mentira. O segundo, é a noção de que só seremos amados se formos perfeitos. Isso, infelizmente, é uma tendência de nossa mentalidade egoísta e, portanto, não deixa de tornar-se, na prática, verdadeiro. O terceiro efeito, muito mais sutil que os dois primeiros – e muito mais avassalador do ponto de vista do relacionamento familiar e humano – é o de acreditarmos que só é digno do nosso amor quem é nada mais nada menos que... perfeito!Cuidado! Não chegue rápido demais à conclusão de que, então, só Deus é digno de amor! Ao ler "perfeito", leia "como eu quero que a pessoa seja". Isso, naturalmente, exclui Deus, por três razões: primeiro porque, no amor verdadeiro, aquele que é Deus, toda pessoa é digna de amor. Aquela que não é perfeita, no entanto, é digna de um amor todo especial. Segundo, porque se só sei amar quem é como eu quero, isso exclui Deus, que não é como eu quero, mas é inteira e livremente quem Ele é. Terceiro, porque se estou pronto a amar quem é como eu quero que seja, então Deus também está de fora, pois é a mim mesmo que amo, não ao outro e, portanto, não a Deus.
O amor intolerante, orgulhoso, que exige dos outros a perfeição, não passa de imaturidade espiritual e, portanto, humana. Espiritual porque não entendeu ainda que o amor exige renúncia e vem de mãos dadas com a humildade e a tolerância, para que possa tudo crer, tudo suportar e tudo esperar, inclusive, o nada esperar, o nada exigir do outro. Este "amor" ou forma de relacionar-se é, ainda, imaturidade humana. É o amor do adolescente, que exige que o outro seja perfeito, seja como ele quer e espera que ele seja. À menor decepção, o outro é riscado do mapa dos seus relacionamentos. Seus critérios rígidos de julgamento e crítica não deixam passar o menor vestígio do que ele considere imperfeição. Todos têm de ver as coisas como ele, pensar como ele, agir como ele agiria, pensar como ele pensa, querer como ele quer, seguir o seu método infalível, observar suas regras salvadoras. Quem não for uma projeção da fantasia que faz sobre si mesmo, em sua onipotência orgulhosa e, por conseguinte, cega, não é digno do seu apreço, de sua admiração, do seu assim chamado amor ou amizade.Os relacionamentos familiares e comunitários tendem a repetir ao infinito este comportamento e mentalidade adolescentes. Irmão, irmã, marido, mulher, pai, mãe, sogro e sogra, cunhados e primos, só são dignos do meu amor, admiração e amizade se forem como quero que sejam. Se forem a encarnação dos meus conceitos e desejos, se preencherem minhas carências de minha própria perfeição, então são dignos de mim, de minha companhia, de minha camaradagem e amizade. Podem contar comigo. Porém, se não forem o que exijo, espero, fantasio e, egoisticamente, desejo que sejam, então, adeus! Vai o marido para um lado e a mulher para o outro, os irmãos, primos e cunhados se mordem e esfolam, pais e filhos desistem uns dos outros, desanimados, idosos inadequados são peremptoriamente abandonados.
A maturidade espiritual e humana, aquela autêntica, que vem do amor, começará a desabrochar quando eu puder dizer: "Ele é diferente de mim. Não pensa como eu penso nem como acho que deveria pensar, não vê o mundo e as pessoas como eu creio que deveria ver, não tem as reações que eu teria ou que acho que ele deveria ter. Que maravilha! Ele não é perfeito! Posso amá-lo! Posso deixar de amar a mim mesmo para amá-lo! Que oportunidade fantástica! Tenho a chance de acolher meu irmão como Jesus o acolhe, como Ele me acolhe: porque sou pecador, porque não ajo sempre como ele agiria, porque não penso sempre como ele pensaria, porque não sou perfeito! Ah! Liberdade das liberdades! Posso, finalmente, amar! Encontrei, finalmente, motivos para amar meu irmão: Ele não é perfeito! Ah! Perfeita liberdade que vem tão somente de Deus!"Ao ler a vida de santos recentes, como Santa Teresinha, como Giana Beretta Molla, que tanto prezaram a vida de família e os relacionamentos familiares, fico a me perguntar em que ponto de nossa história perdemos o sentido do verdadeiro amor, aquele que é vivido em primeiro lugar na família. Aquele amor que preza e valoriza o sacrifício, a renúncia discreta e escondida, o exigir de si mesmo e não do outro, o dar espaço para o outro e, para isso, perder seu próprio espaço, o aceitar desaparecer para que o outro apareça e entender que, no amor encontramos toda alegria. Onde foram parar as virtudes? Onde está este elo perdido?
Não me sinto capaz de grandes análises. Além disso, não há espaço nem tempo. Sei onde encontrar o elo perdido e como, a partir da família, re-estabelecer ligações eternas. É urgente cavar no Evangelho e na vida dos santos o elo perdido do amor que é paciente e bom, que se alegra com a verdade do amar, com a justiça do sacrifício, com a descrição do escondimento, o Evangelho aplicado à família! Não somente aos monges, não somente aos celibatários, mas às famílias. Famílias que vivam e ensinem a viver a tolerância, a humildade, o tudo suportar, o nada exigir do outro, a acolhida do diferente, morrer para que o outro tenha vida. Famílias-escola de virtudes, de caridade, de maturidade, de fortaleza.
Um dia, quem sabe, voltaremos a ouvir frases como: "Shhh! O papai está dormindo, desliga o teu som!"; "Perdoe a mamãe, ela está preocupada hoje"; "Sei que ele está errado, exatamente por isso precisa do teu perdão. Se estivesse certo, não precisaria, não é verdade?"; "Perdoe, filhinho! Perdão, a gente não merece, a gente recisa..."; "Meu bem, precisamos deixar de trabalhar tanto para ficar mais com as crianças. Não importa se ganhemos menos. Teremos como dar-lhes mais!"; "Que tal a gente congelar este prato para quando o irmãozinho chegar de viagem? Ele é louco por peixe!"; "Tenha paciência, não sei se um dia seu pai vai mudar, mas o seu amor por ele pode mudar tudo".
Neste dia bendito, quem sabe digamos frases como: "O Papai do Céu vai te amar mesmo se você não for bonzinho, mas, por amor a Ele, que tal não bater mais no irmãozinho?"; "O anjinho da guarda viu que você errou e já está vindo correndo te ajudar!"; "Não é maravilhoso que seu pai pense diferente de nós? Temos uma oportunidade imperdível de amá-lo e nos abrirmos para acolhê-lo!"; "Sei que você não gosta de fazer isso, filhinho, mas se você o fizer por amor a Deus e à sua irmãzinha você terá um tesouro no céu. Você aceita o desafio do sacrifício?"
A exigência de perfeição do outro, a intolerância para com o imperfeito e o diferente de nós são, sem dúvida, chagas provocadas pelo egoísmo que tem início na família. Geram eternos adolescentes a baterem o pé pelo mundo afora, tristemente frustrados consigo e com os outros, ridiculamente exigentes da perfeição alheia. No livro e curso "Tecendo o Fio de Ouro" dedicamos toda a segunda parte a este fenômeno que é, sem dúvida, um dos males mais sutis da cultura ocidental hodierna. É espantoso verificar como as pessoas reagem muito mais forte e negativamente ao fato de não serem deuses, de não serem perfeitas, que a grandes dores do seu passado. As dores servem de desculpa para suas eventuais imperfeições, mas seus limites, necessidades e fraquezas que, admitidos e acolhidos, levariam à humildade, tolerância e misericórdia, são, na maioria das vezes, rechaçados, pois são vistos como prova de que não são dignos de serem amados. A reação inicial dos que fizeram o curso foi tão forte que fizemos uma segunda edição mais esclarecedora e publicamos um livro humorístico, "Joaquim e Sua Padiola", na tentativa de levar a todos a entendermos que quando somos fracos, então é que somos fortes e quando aceitamos ser fracos, então teremos aberto o caminho para a humildade, tolerância e caridade, para o amor gratuito, fruto de uma libertadora decisão de amar o não amável, o não aceitável, como renúncia livre e amorosa, como exercício maior de amor a Jesus, nosso Esposo.
Na família – quem diria – esconde-se o segredo do amor esponsal a Jesus oculto e revelado em cada homem imperfeito!

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sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Mãos Dadas

Carlos Drummond de Andrade

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
Não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
Não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Seasons of love

Five hundred twenty-five thousand
Six hundred minutes
Five hundred twenty-five thousand
Moments so dear
Five hundred twenty-five thousand
Six hundred minutes
How do you measure
Measure a year?
In daylights - in sunsets
In midnights - in cups of coffee
In inches - in miles
In laughter - in strife

In - five hundred twenty-five thousand
Six hundred minutes
How do you measure
A year in the life?

How about love?
Measure in love
Seasons of love

Five hundred twenty-five thousand
Six hundred minutes
Five hundred twenty-five thousand
Journeys to plan
Five hundred twenty-five thousand
Six hundred minutes
How do you measure the life
Of a woman or a man?

In truths that she learned
Or in times that he cried
In bridges he burned
Or the way that she died

It's time now - to sing out
Tho' the story never ends
Let's celebrate
Remember a year
In the life of friends
Remember the love
Measure in love

Measure your life in love
Seasons of love
(Rent)
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domingo, 12 de outubro de 2008

A Senhora

Que tanto me ensina
Me acompanha e me faz melhor
A Senhora que me ensina a ser mulher
A Virgem que leva meu coração à oração
Ela mesma, que gerou o Senhor da minha salvação
A Senhora da Conceição Aparecida
Aquela que me faz mais gente
Quem coloca ternura em meu olhar
A Virgem Aparecida do Silêncio
Silêncio tão doído, tão salvador, tão fecundo
Ela que me ensina a escovar os dentes
A dançar, a me olhar no espelho
A Virgem da Castidade que me ensina a viver, a vestir, a olhar, a provar...
Belíssima Senhora
Que me ensina a amar com amor de mãe
Que fecunda a maternidade que Deus colocou em mim
A Imaculada Conceição
Que gera em Seu ventre a minha vida
Minha história, nossa história
Ela... A Mulher que me ensina a contemplar na ação
A Virgem Prudente que me ajuda a planejar e executar em Deus
Obrigada, Mãe...
Obrigada pelo espaço que me ofereces dentro do Teu coração
Do Teu ventre, puro e sem mácula
Obrigada, Mãe, por ser minha e nossa advogada
Obrigada por me ajudar a viver a vontade e o sonho de Teu Filho
Aquele que merece todo amor do mundo

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Decisão

É viver de acordo com o Teu desejo
É acolher como o Teu coração
É viver a loucura da cruz e fazer dessa a minha alegria
Amar é desejar consumir minha juventude, minha vida
É renunciar as migalhas pelo banquete
Se o Amor é minha lei, nada mais ou menos que amor traduzirão
minhas ações.
Eu amo, por isso eu desejo, eu quero, eu vou.
Eu amo, por isso a coragem, a renúncia e a disposição.
Eu amo, por isso as lágrimas, o desejo, a transparência.
Se não fosse firme, certamente, não faria diferença.
Eu amo, por isso sou eu mesma quem está dizendo, vivendo e arriscando.
Vamos abrir os olhos: O amor exige doação, pedaços arrancados, uvas pisadas, derrota dos valentes que se levantam dentro de mim mesma. O amor exige abaixar-se e contemplar a própria miséria diante de um Deus que é infinitamente, insuperavelmente maior e é Amor. Desacelerar para aguardar o meu tempo e o tempo do outro. Amar é esperar quando se pode ir. É partir quando se pode ficar. Amar é silenciar quando se tem resposta. É partilhar quando é mais fácil guardar para si. É registrar e aguardar o momento oportuno.
É acolher, cuidar e regar uma semente ao invés de optar por uma árvore pronta.

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Mais uma vez...
Obrigada, Senhor. É isso mesmo.
=)

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Um "obrigada" para Deus!

Quantas surpresas, Senhor, eu experimentarei para acreditar que Tu és infinitamente Criativo e... Surpreendente? Quantas vezes precisarei cair para não ter dúvidas de que Teu coração é Misericórdia? Coração tão compassivo que se ocupa com as minhas dores transformando-as em amor.
Quantas vezes eu precisarei experimentar das graves consequências de experimentar mais a minha vontade que a Tua? Provar que, mesmo no meu questionamento infantil e apressado, a Tua vontade é imperativa sobre mim, é muito melhor, maior, mais profunda. É assim porquê, livremente, eu sou obra Tua e pertenço a Ti. Minha vida que não é minha, mas que pertence a Ti, autor de Tudo, Autor da vida.
Vida minha que encontra sentido em Ti e tudo que escapa de Ti, não se acha em mim.
Vontade minha que existe, mas que é submetida, enfeitada, baseada, formada, legitimada e plenificada no Teu desejo.
Desejo este que, dentro da experiência de espera contínua de Tuas intervenções, acredita que só em Ti tudo que é vontade em mim, ganha crédito e verdade.
Essa minha vida... Tão intensa, tão fulgaz. Essa vida que mais parece um liquidificador. (!)
O que me espera, Senhor, para acreditar que de nada vale uma vida que experimenta a Ti sem viver e configurar tudo de acordo com o Teu Reino, Tua Vontade?
Que eu não me esqueça, Jesus, das suas promessas de vida plena e vida eterna. E que o Teu desejo está em mim... Lá no fundo. E que para ser eterna, minha vida deve ser como a Tua. Provada e comprovada.
Obrigada, Senhor... Obrigada! Obrigada! Obrigada! Obrigada porque sei que faço parte de uma linda história. Não por merecer, mas porque é Vontade Tua.
Obrigada...

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A máquina que lava roupas

Um domingo quente, ensolarado, quente... Hum... Muito quente! As circunstâncias da vida me levaram para a área de serviço da minha casa. Adivinhem? Lavar roupas! Na hora de recolhê-las eu pensava... "Minha nossa, como sou capaz de sujar tanta roupa?". Roupas minhas, da minha querida irmã e roupas nossas, também. Foi um domingo interessante...
Liguei o som bem alto e deixei Norah J. cantando enquanto eu me viarava com aquela estrutura metálica com uma tampa de acrílico que faz um barulho interessante enquanto sacode as roupas - a máquina que lava roupas!
A primeira constatação foi o fato de que, nunca na minha vida, eu tinha lavado tanta roupa de uma vez só. Teria que separar pelo tecido, pela quantidade e qualidade da sujeira, cores... Nessa parte eu me dei muito bem. Na hora dos botões [onde eu aperto pra ela começar a trabalhar?] eu tive que pedir ajuda aos universitários. Nada que uma ligação para quem entende não resolva. Ótimo... Deu certo.
Aquele instrumento é realmente fantástico! Joga água, sacode, esfrega e ainda faz a parte mais chata, torce até a última gotinha de água... O único trabalho é estendê-las. Acho que não dá pra fazer uma máquina que estenda roupas. Seria pedir demais... O cúmulo do ócio, rs.
Na partilha com o meu pai sobre o dia, ele me contou que a minha avó (mãe dele) caminhava de 5 a 6km para chegar até o riacho com as trouxas amarradas num jumento ou em cima da cabeça dela. Lavava todas na mão, esperava secar e trazia de volta...
Olha, sinceramente, eu não sei se teria tanta disposição para perder um dia inteiro sob o calor do sol esfregando roupas. Deus sabe o que faz, por isso, concedeu a idéia brilhante para alguém inventar uma máquina que lava roupas. Tenho até uma tia que diz que máquina de lavar roupas é pré-requisito nupcial, rs. [Filtremos os exageros, por favor].
Eu só sei que, enquanto a bendita máquina saracoteava as roupas eu cuidava de outras coisas na minha casa.
O interessante foi perceber o quanto é bom cuidar do que é nosso. É uma dimensão bem verdadeira. O fato de administrar, separar, sujar minhas mãos na massa do bolo que fiz [enquanto as roupas eram lavadas], limpar uma coisa aqui, outra alí e ouvir Norah cantar bem alto, me fez um bem muito bom (!). É bom cuidar do que é meu. Hoje, depois de pensar tanto nesse episódio simples e até tardio, eu acho que se eu vivesse no tempo em que não existiam máquinas que lavam roupas, eu perderia tempo, sim. Afinal, estaria cuidando de algo meu. E a partir do fundamento empírico que se deu no domingo, eu posso afirmar que isso faz bem!

Cuide, você também, do que é seu.
Algumas coisas só nós podemos fazer por quem amamos, cuidar é um exemplo.

Shalom!

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Ouvi dizer

Eu ouvi dizer que é normal
Mas que é anormal pensar assim
Querer assim
Eu ouvi dizer que tem que ser
Tem que querer, querer para ter
Esperar para ver
Eu ouvi dizer que é bobagem
Que não faz mal se não
tem cor
Que não purifica se não é pela dor
Eu também ouvi dizer que pode
não ser
Mas que eu tenho que querer se quero ser
Se quero que seja,
tenho que querer
Ouvi dizer que posso querer
Ouvi dizer que faz parte
Cantei nos olhos e no sorriso
Eu ouvi dizer que é da arte
O sensível
que me parte
Ouvi dizer que é espelho
Brilha e se esconde
Começa e
termina
Recomeça e continua
É ciclo vital
Eu ouvi dizer que sou
humana...

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Era uma vez um carro de luxo, chão de terra batida...

Fui ao cinema para dar uma desopilada. Segunda-feira é um ótimo dia para isso, rs. Eu não sou crítica, não entendo bolinhas, mas acho que deve ser interessante ler o olhar de quem não entende. [É? rs]. Filme de Breno Silva, mesmo diretor de "2 Filhos de Francisco". Era uma vez conta a história de um jovem pobre que se apaixona por uma moça rica. Dizer que o filme mostra um abismo social e uma soma cultural impressionante, não é novidade.
A única coisa que não esperei no filme foi a permissão do pai da menina para o relacionamento dos dois (rs), o resto, mesmo dentro de uma esfera romântica e humana, era absolutamente previsível. Mas o filme é uma gracinha, rs!
Achei interessante observar, de minha parte, o comportamento diante das cenas apresentadas, - não foi nada parecido com "Cidade de Deus" e coisas do gênero - mas tinha um vocabulário repleto de gírias, palavrões, degradação humana, social e espiritual. Se Maquiavel estivesse comigo na sala de cinema, certamente ele poderia ilustrar muito bem sua máxima. "Os fins justificam os meios"¹. É mais ou menos a política governamental do Brasil, só que nas favelas, periferias, em locais onde as pessoas acham que não têm muito mais o que perder, trata-se de uma realidade aceitável e necessária para a sobrevivência. Na verdade, acho que nem é só nesses lugares. As pessoas estão tão vazias de sentido que os valores perdem o referencial, então, o que vier é lucro.
Parece que dentro de mim explodiu o meu eu revolucionário, aqueles desejos insanos de mudar o mundo (risos). Digo insano, porquê, no meu caso, sempre pareceu mais fácil mudar o mundo do que mudar a mim mesma. Incoerente, né?
A única coisa que eu pensava ao assistir o filme era de comprar uma passagem, embarcar para o Rio de Janeiro e subir o morro para anunciar a Paz, mas ao mesmo tempo, minha inteligência me afrontava... Só sou capaz de dar o que eu possuo.
Depois do lapso, comecei a lembrar da minha vida, do meu quarto, dos meus relacionamentos e da realidade de Brasília. Há tanto que se fazer... Há tanto que crescer, que caminhar.
Ao mesmo tempo, eu sei que, enquanto olho para o meu umbigo, para as minhas coisas, meu particular, nunca poderei provar da vida do outro, especialmente, a realidade que sofre.
Poderia muito bem aplicar os conceitos mais amorais possíveis para sugerir a solução dos problemas do mundo, os meus, os seus. O questionável é a busca de respostas ineficazes para problemas com solução de natureza específica, eles, além de não serem esgotados, geram outros, e outros e outros. Deus é a resposta definitiva e eficiente... Isso faz todo sentido.

"Somente Jesus de Nazaré é capaz de satisfazer as aspirações mais profundas do coração humano" - João Paulo II
Ps: Vale a pena assistir o filme! (rs)

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[1] O Príncipe - Maquiavel

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Belíssimo Esposo

Beijo a tua paixão, com a qual fui libertado das minhas más paixões.
Beijo a tua Cruz, com a qual condenaste o meu pecado e me libertaste da condenação à morte.
Beijo aqueles cravos, com que removeste o castigo da maldição.
Beijo as feridas dos teus membros, com que foram curadas as feridas da minha rebelião.
Beijo a cana com que assinaste o atestado da minha libertação e com que feriste a cabeça arrogante do dragão.
Beijo a esponja encostada aos teus lábios incontaminados, com que a amargura da transgressão me foi transformada em doçura.
Tivesse podido eu degustar aquele fel, que dulcíssimo alimento não teria sido!
Tivesse podido eu tomar o vinagre, que bebida agradável!
Aquela coroa de espinhos teria sido para mim um diadema régio.
Aquelas zombarias ter-me-iam ornado como sinal de profundo obséquio.
Aquelas bofetadas ter-me-iam glorificado como o prestígio mais alto.
Eu te beijo, Senhor, e a tua paixão é o meu orgulho.
Beijo a lança que dilacerou o documento da minha dívida e abriu a fonte da imortalidade.
Beijo o teu lado do qual jorraram os rios da vida e brotou para mim o rio perene da imortalidade.
Beijo a tua mortalha com que me adornaste, tirando-me minhas vestes vergonhosas.
Beijo o preciosíssimo sudário de que te revestiste, para envolver-me na veste dos teus filhos adoptivos.
Beijo o túmulo no qual inauguraste o mistério da minha ressurreição e me precedeste pela estrada que sai do abismo.
Beijo aquela pedra com a qual me tiraste o peso do medo da morte.
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Oração de Jorge de Nicomedia, monge bizantino que viveu no séc. IX, na atual Turquia.
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 Comunidade Católica Shalom - Belíssimo Esposo

sábado, 23 de agosto de 2008

Começar do começo

Ou recomeçar? Ou, mais uma vez, voltar e partir da partida?
Loucura, loucura... Hoje é tempo de rever, de, novamente, parar e voltar para a raiz. Coisas que teoricamente são, porém, necessariamente, não são.
Rezar é entrar de cabeça no mistério do tempo divino, é mergulhar na imagem de Deus refletida em mim, é acolher com serenidade o que eu sou dentro do outro e o que eu sou, sob a perspectiva divina, dentro de mim mesma.
O primeiro lugar?
Só no coração de Deus...

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"[...]tempo para nascer, e tempo para morrer; tempo para plantar, e tempo para arrancar o que foi plantado;"
Ecle 3,2

domingo, 10 de agosto de 2008

Deus...

É o Amor incansável, Amor inseparável, Amor que sustenta, que mostra a verdade, que acolhe, revela, recria, impulsiona. É assim que O percebo em minha vida...
Deus é o Amor mais encorajador que eu já conheci! É aquele que me leva de volta para a barca, que acolhe a minha teimosia, meus passos errados, minha incoerência, minha luz e minha escuridão. É Ele que me revela o que é intempestivo diante de um momento de cruz que antecede uma ressurreição. Deus é o Amor que me faz ficar, permanecer, mesmo quando tenho oportunidade e motivos para partir e gastar tudo... Deus é a minha esperança.
Por me chamar de amiga, Ele me dá a conhecer Sua Vontade e, misteriosamente, me convida a não desistir de mim e a não me esquivar do que é mais difícil, confuso, escuro, aquilo que custa... Deus é um Amor que não se cansa, que não descansa¹, que salva a minha vida dos pequenos projetos da minha inteligência me inspirando sonhos grandes, humanamente, irrealizáveis. Deus é aquele que coloca em mim o desejo de desejar o que Ele sempre sonhou para mim². Deus é bom...
Deus é Fiel...
Ele é justo... Deus sempre insiste em me fazer feliz...
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[1] "A alma que caminha no Amor não se cansa, nem descansa" - São João da Cruz
[2] "Deus me faz desejar aquilo que Ele sempre quis me dar" - Santa Teresinha do Menino Jesus
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Um carinho especial para o meu pai, Sales. O pai mais corajoso desse mundo!

terça-feira, 29 de julho de 2008

Abraço grátis!


Desde o dia que descobri que abraçar nos equilibra emocionalmente eu tenho pensado bastante em como trazer esta prática para a minha vida.
Vocês sabem que tem gente que tem medo de ser abraçado, né? Medo de abraçar...
É interessante notar nossa resistência ao abraço, porquê, quando eu abraço alguma coisa, evidentemente, eu renuncio outra, ou outras. Às vezes é por isso que a gente tem tanto medo de abraçar, né? Se eu abraço meu pai, minha mãe vai esperar um pouquinho até chegar a vez dela.
Eu, particularmente, tenho a tendência de querer abraçar multiplamente várias coisas, várias pessoas, várias realidades. De fato, tenho notado que não é possível. Para um abraço de qualidade, eu preciso saber, desejar e ir, com meus braços, acolher a realidade toda, com meu coração e minha alma. Abraçar, seja quem for, com tudo o que tenho e sou. Não dá para se fragmentar em direção aos outros. Primeiro Deus, depois, os meus. Eles merecem que eu me disponha com qualidade.

Me questionei a última vez que dei um abraço de verdade na minha mãe, no meu pai, nos meus irmãos, tios... Quando foi a última vez que abracei de verdade aqueles que fazem o meu dia mais feliz? Quando foi mesmo a última vez que abracei aqueles amigos que vejo quase todo dia?

É, pessoal... Alguns abraços conseguem colocar muita coisa no lugar.

É, de fato, uma experiência de reorganização emocional abraçar a Trindade no final do dia. Quem conhece a Trindade e já se entregou a um sincero e demorado abraço, sabe do que estou falando.

O fato é: precisamos abraçar mais!

Ensinam os dicionários que abraçar é cingir com os braços, é acolher, abranger, admitir, aceitar, adotar e até, consagrar-se. Ensina a vida que abraçar é doar-se. Qualquer um que se doe, recebe uma parte do outro para si.

Abraçar supõe sempre, arriscar...

Quando você abre os braços para alguém, certamente, o risco de receber um abraço de ladinho, ou um simples tapinha nas costas é certo.

Do jeito que Jesus abraçou a cruz e todas as outras coisas que foram próprias para Ele, eu quero abraçar a minha vida, meus amigos, minha família. Quero, no meu abraço, me doar e receber do outro a parte que me cabe.

No meu abraço, organizar a vida dos meus irmãos. No abraço dos meus irmãos, encontrar o meu equilíbrio. Abraçar para não precisar explicar, para não precisar dizer o que não precisa ser dito. Abraçar, quando as letras forem inúteis e ameaçarem a confusão, empobrecer e esvaziar o que precisa ser dividido.

Sim, é melhor um aperto de mão do que um abraço medíocre, medroso ou frustrado. Mas se a proposta é equilibrar, também, o conceito do abbrachiare, nós tentamos juntos! Afinal, só vale a pena se estamos juntos. E sozinha eu não consigo, até porquê, só se aprende a abraçar, abraçando.
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Da próxima vez que nos encontrarmos, a gente faz o teste! Abraçar com tudo vai fazer a diferença.
Que Jesus seja o Senhor das amizades, dos abraços, de toda e qualquer doação!
Abração
Shalom

segunda-feira, 21 de julho de 2008

[...]silêncio é palavra que não faz segredo.

Tem momentos que a gente se cansa de querer assumir um papel que não é nosso na própria vida e também na vida dos outros. Deixar que Deus seja Deus, Senhor de tudo, de todas as coisas, de todas as paixões, Senhor do tempo, do medo, da saudade. Senhor de tudo.

Especialmente hoje, após mais um susto, eu me lembrei dessa música. Música que há tempos me ajudou a parar para receber a ilustre visita do Homem que sentou à beira do poço para mostrar à samaritana o sentido real da vida, a direção, o norte. O Homem que enxugou suas lágrimas, que acolheu as verdades, ouviu a mais sincera confissão. Confissão de quem bateu em muitas portas desejando encontrar a coisa certa, porém, em lugares errados.

Estou aqui, novamente. Tentando acertar, tentando assumir, tentando dar mais um passo, tentando voltar, recomeçar. E todas as vezes que volto naquele poço, me lembro que a fonte está em outro lugar.
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Onde é que você vai com tanta pressa
Com esse ar de quem tem muito o que fazer
Se eu posso lhe pedir alguma coisa eu lhe peço: senta aqui
Como um dia eu sentei naquele poço
E a amizade visitou meu coração
Fui amigo e o esposo que faltava e hoje pode ser também assim
Os seus olhos me revelam tanta sede e não sou indiferente a sua dor
Mas tem coisas que não faço, não são minhas, dependem
Somente do seu querer
O milagre se dará por duas vias
Uma é minha e a outra deixo pra você
Se você trouxer a mim a sua água eu devolvo vinho
Chega mais perto, não tenha medo
Não diga nada, silêncio é palavra que não faz segredo
Se for preciso enxugo seu rosto
Lágrimas são fragmentos de história que posso entender
Eu lhe vejo entrelaçado com tantos erros
Machucando tanta gente sem saber
Infeliz vai se tornando pouco a pouco, por favor, queira voltar
Não prometo dar-lhe um jardim de flores
Mas prometo a força pra poder plantá-lo
E asseguro no cultivo estar bem junto, se preciso, lhe consolar
Cantaremos a semente germinada, podaremos o que não puder crescer
Cada poda há de ter ensinamento eu vou lhe ajudar a compreender
Sou o verbo do princípio feito carne
Sou o Deus que resolveu ter coração
E hoje está sentado à beira deste poço
Mirando o seu rosto, na voz deste moço, lhe dando um recado
Que se for possível espero visita, não tarde em chegar
A casa é a mesma, o mesmo endereço, espero por lá
Chega mais perto...

[Pe Fábio de Melo - Mais perto]

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Particularmente falando...

Por ser justo, por ser puro, por estar em purificação
Por ser tão claro, mas ao mesmo tempo, tão confuso
Por ser certo, traz a dúvida
Formado para a constância
Sombras, luzes, afetos, descobertas

Em sustos, choques, perceber que era maior do que se pensava
Numa remota possibilidade
Uma dúvida acerca das prioridades
O que cresce, o que se planta, os frutos
A beleza do silêncio que responde,
mas que precisa de hora para acabar
Como a criança precisa de hora para dormir

As interrogações e expectativas
Por ser tão forte
A dúvida da identidade dentro da vida do outro
A certeza da identidade do outro na vida que pulsa
É como a música, como o som, como os acordes
Como portas, hora abertas, hora fechadas

É poesia, é encanto, é dor
É alegria em poporção à espera, é risco, tentativa
É esperança porque há sofrimento
Erros, virtudes, misérias e permanência, decisão.

É distante, ao lado, do lado de dentro
É como Tomé, que precisou tocar, provar e experimentar
É escolha, liberdade, sinceridade e verdade.
Também é violência
É simples, porque é Deus desde sempre.
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Pe Fábio de Melo - Contrários

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Louvado seja Deus pelos 26 anos da Comunidade Católica Shalom!

terça-feira, 8 de julho de 2008

Minha oferta

Um coração doado, ó Senhor, e entregue é minha oferta.
Deponho minhas mãos e meu trabalho
pra viver unicamente para Ti.
Tu és a causa da minha decisão.
E sei que isto custará minha vida, sou devedor do amor.
Minha oferta, é mais que as renúncias, é real.
Me derramo aos teus pés.
Minha oferta é aceitar que tudo está em tuas mãos,
A verdade do meu coração.

[Comumidade Doce Mãe de Deus]

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Alguma dúvida?

Já comecei a escrever aqui umas 7 vezes ou mais. Planejei alguma coisa bem bonita, cheia de ornamentos, pensei, calculei e medi. Nunca dava certo! Pensava: "Dessa vez as letras não podem confundir os leitores!" =)
Em alguns textos que escrevi aqui, recebi e-mails confusos [rs].
"O que você quis dizer?"... "O que significa isso, aquilo?"
Entendendo ou não, existem coisas e pessoas que, por serem tão especiais, cheias de especificidades e virtudes, singularidades e curiosidades, não se esgotam em respostas, em letras, em palavras, em explicações e justificativas.
Quem tenta teorizar o que é inefável se machuca... Deus é inefável e, o que traz a essência dEle também carrega o mistério das reticências. As relações, o amor, a humanidade, as reações, são assim... Algumas coisas, diante de perguntas, têm resposta, têm explicação; outras, simplesmente são e pronto! Quem aqui é capaz de conceituar a Providência de Deus!? No máximo, é possível letrar que é o meio que Deus escolheu para nos aproximar mais de Sua vontade.
Deus é estratégico! Vê tudo, vê todos!

Sabe quando a gente toma um refrigerante e tem a sensação que acabou, mas na verdade, é o canudo não está chegando no fundo para sugar o que resta?
É assim a experiência que tenho tido com a misericórdia de Deus. Quando penso que não há mais refrigerante [leia-se: coragem e força], o canudo chega um pouco mais fundo e o refrigerante surge. E eu... seguro as pontas. Fico aí mais um tempo, não estou sozinha. Partilho de um novo, de uma alegria, partilho de uma certeza, partilho de letras mudas e leituras concretas.

Um parêntesis!
Achei muito interessante quando busquei o significado da palavra partilha e encontrei, dentre outros, que tal palavra significa: porção que toca a cada um.

Portanto, acreditando que o que eu vivo está dentro da esfera providencial dos projetos divinos, eu arrisco, eu brigo, eu aposto. Desistir? Não... Vamos até o fim, certo?
Deus, como disse, é estratégico e justo, oras! No momento certinho, manda fogo do céu, intervém e faz o que tem que ser feito, faz o que eu não consigo, diz o que não tenho competência de dizer, convence acerca das respostas e certezas. Desarma e, em nome da partilha, faz a Obra dEle não só em mim, mas também ao redor da minha cidade, do meu coração. Eu luto contra mim mesma, contra o relógio, contra o despertador, luto contra os assaltos e busco o abrigo nAquele que me prometeu uma vida verdadeira aqui e uma vida plena quando o que aqui estiver completado.
Nada melhor do que abandonar os minutos que vêm, os meses que já passaram, os anos que restam...

Por quê?
Porque é de Deus e eu acolho, eu aprendo a cada dia, eu quero, eu desejo, eu partilho da construção. Porque é resposta e tantas outras coisas... Por quê? Porque é desafiante e forte, é profundo. É provado e comprovado. Por quê? Ah... Sei não. [rs]

Vamos arriscar! O máximo que pode acontecer é uma queda aqui e outra acolá, mas "tudo que se sofre por amor, por amor é curado" - Teresa de Jesus.

Coragem, meu povo!

Alguma dúvida de que Deus está no comando?

Shalom!

"Deus me faz desejar aquilo que Ele sempre quis me dar" - Sta. Teresinha do Menino Jesus

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Fala do velho do restelo ao astronauta

José Saramago

Aqui, na Terra, a fome continua
A miséria, o luto, e outra vez a fome.
Acendemos cigarros em fogos de napalme
E dizemos amor sem saber o que seja.
Mas fizemos de ti a prova da riqueza,
E também da pobreza, e da fome outra vez.
E pusemos em ti sei lá bem que desejo
De mais alto que nós, e melhor e mais puro.
No jornal, de olhos tensos, soletramos
As vertigens do espaço e maravilhas:
Oceanos salgados que circundam ilhas mortas de sede, onde não chove.
Mas o mundo, astronauta, é boa mesa
Onde come, brincando, só a fome,
Só a fome, astronauta, só a fome,
E são brinquedos as bombas de napalme.
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In OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª edição
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segunda-feira, 16 de junho de 2008

Invasões

"Por ser exato o amor não cabe em si
Por ser encantado o amor revela-se
Por ser amor, invade e fim..."¹
Meu pai e minha mãe em alguma praça láaaa no interior do Maranhão. Há mais de 20 anos...
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¹ Djavan - Pétala

domingo, 15 de junho de 2008

Precisão

de Clarice Lispector

O que me tranqüiliza
é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão
nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos,
a perfeição.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Juninas

Só quero um xodó - Dominguinhos

Junho... O mês que a gente dança mais! rs

Arraiá da Paz - 28/7 a partir das 19h, na Paróquia São Judas Tadeu - 908 sul.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Oportunidade

No último fim de semana tivemos um curso na Comunidade que me fez mergulhar mais no que Deus espera da minha vida. Deus me fez para amar e para ser livre! Olha que lindo!
Essa coisa de liberdade interior me levou a matutar nos meus relacionamentos, nas minhas reações diante da postura alheia, nas permissões, nos meus sinais...
Graças a Deus, eu ando me percebendo muito [especialmente nos últimos dias] diante dos sequestros que eu provoco e dos cativeiros que me enfio.

Liberdade interior...

Um belo desafio, uma busca, uma ladeira, uma luta. Ao mesmo tempo, para mim, tem sido experiência de abandono. Estou aprendendo que quando Deus quer algo para mim, Ele mesmo se encarrega das oportunidades. Tem gente que nem imagina que está sendo oportunidade de libertação para a minha vida. Os chatinhos e as chatinhas da vida [rs]! De pensar que eu também sou uma chatinha na vida de muita gente. Tomara que os que têm essa imagem de mim encontrem nisso uma oportunidade de céu.

Uma vez uma pessoa partilhou comigo que estava cansada de fingir, de usar máscaras, de sustentar uma imagem bonitinha, angelical e bem vista diante dos outros. Isso aí cansa mesmo. Não estou dizendo que é saudável sair por aí com a carteirinha da "sinceridade" no peito dizendo e fazendo que bem entende. Ser o que sou, não o que eu acho que eu sou. Isso só se descobre em Deus.

Por mais que eu me esforce para ser livre no Espírito, ser livre com meus irmãos e conservar a vivência das virtudes, sempre vai ter algum cantinho aqui que eu vou querer maquiar, deixar mais bonito, mas isso é trabalho para a divina providência. :-)

Não existe segurança maior do que a verdade. Por mais que as eventuais mentiras da superficialidade e a insistência nossa em preservar o respeito humano, cuidar excessivamente de si, da auto-imagem, pareçam um posto mais conveniente e imaculado, a verdade é sempre a verdade.
Hoje, uma amiga (Luana - bunita) me mandou um vídeo de uma partilha do Pe Fábio de Melo em que ele dizia:


"O amor perfeito não existe, a pessoa ideal não existe. Ela não tem a
obrigação de ser aquilo que a gente queria que ela fosse. Quando a pessoa se
decepciona com a gente ela nos dá a oportuniadade de sermos livres. A coisa mais
triste é a gente ficar amarrado naquilo que o outro imaginou da gente."¹


Como isso é uma verdade! A Emmir² sempre diz que uma das primeiras graças que devemos pedir a Deus é a graça da desilusão. Que venham as decepções. Elas nos arrancam do faz-de-conta, das imagens construídas de acordo com o que eu acho que eu preciso. Decepcionar-se com o outro é oportunidade de céu! No meu caso, o primeiro instante é de ira [rs], mas depois logo vejo que sou capaz de fazer muito pior e que todo mundo tem direito de errar. Claro que isso não acontece sempre, nem sempre eu consigo fazer das decepções, benditas oportunidades.

Amarrar-se ao que o outro pensou quando eu disse isso, aquilo, quando agi assim ou assado! ÊEEta prisão! Nisso, Deus também tem colocado gente muito santa perto de mim. Nos erros mais errados, nas explosões típicas de Narlla em alto grau de cansaço, nas respostas rápidas, nas olheiras, no sono, na impaciência, indecisão e questionamentos, nas cafubiras. Só o amor nos torna santos, por isso digo que Deus colocou gente santa perto de mim. Não digo santidade para conotar impecabilidade. Mas para dizer que quem muito ama, muito perdoa, acolhe e respeita. Santidade é amar muito!

Deus ama tudo em mim! Ama o que eu sou e o que ainda não sou. Ama assim porque sabe o que Ele me criou para ser. Sabe do que eu sou capaz e também o que não cabe a mim, sabe das minhas potências, sabe até quem as fecundará. Deus sabe de mim mais do que qualquer um. Sabe onde eu alcanço, sabe que minha mão tem 15cm, meu pé, 20,5cm. Sabe o que cabe no meu coração, quantas lágrimas eu já derramei nessa vida, sabe de tudinho! Deus vê tudo e sabe o que me pedir, porque conhece o que sou capaz de dar.



"...onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade."
II Coríntios 3,17


Ziza Fernandes - Tu me conheces bem

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[1] - Encontrar a pessoa certa (Pe Fábio de Melo)
[2] - Emmir Nogueira - Co-fundadora da Comunidade Católica Shalom

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Não se esqueça de viver

Quis postar este texto aqui porque marcou muito a minha vida quando li pela primeira vez. Sempre que noto que eu ou alguns dos meus estão se esquecendo de viver, lembro logo deste texto.

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Não se esqueça de viver
Dijanira Silva

O trabalho é importante e necessário, mas não tem o direito de nos escravizar

Alguma vez na vida você já se esqueceu de viver? Eu já!

Gosto muito do clássico "Pollyana" de Eleanor Porter, que narra a história de uma menina, filha de um missionário pobre, que após ficar órfã, vai morar em outra cidade com sua tia Polly Harrigton, uma madame que possuía muitos bens materiais e grande influência em todos os setores da sociedade, mas era infeliz, e na concepção de Pollyana, não sabia viver.
Segundo a garota, viver era ter um tempo só seu no qual pudesse fazer coisas de que gostava sem se preocupar com regras, horários e leis; e a tia Polly tinha regras, horários e leis para tudo. O certo é que com a chegada da menina, de uma hora para outra, tudo começa a mudar em Beldingsville, uma típica cidadezinha dos Estados Unidos.
A tia Polly, aos poucos, torna-se uma pessoa melhor, mais amável, e o mesmo acontece com praticamente todos os que conhecem aquela garota e seu incrível "Jogo do Contente". É que Pollyanna não aceita desculpas para a infelicidade e empenha-se de corpo e alma em ensinar às pessoas o caminho para superar a tristeza e valorizar a vida.
Em muitos aspectos concordo com ela, aliás, este livro é um dos que mais marcaram minha vida até hoje. Assim como aquela garota, acredito que viver é ser responsável sim, mas também ser livre para se ser quem é, sem precisar prestar contas ao mundo da roupa que se veste e de cada passo que se dá...
É ter tempo para estar com as pessoas que amamos, ouvir o canto dos pássaros, contemplar as flores, correr no parque, fazer castelos na areia e rir de si mesmo quando sentir vontade. Dias atrás, levei um susto ao perceber que não estava "vivendo".
Envolvida em um exigente projeto dentro da missão evangelizadora que assumo, estava dedicando-lhe mais tempo do que deveria. Dormia e acordava pensando nas melhores chances de conquistar as metas do dia seguinte, e quase sem perceber, minha vida estava girando em torno de tal projeto. Era tudo com boa intenção, já que a meta era evangelizar, mas certamente estava indo por atalhos e não pelo caminho certo.
Até que ao voltar para casa num fim de tarde, observei no jardim, do prédio onde moro, várias florzinhas – daquelas que soltam suas sementes e voam pelo ar quando as sopramos.
Lembrei-me rapidamente do quanto gosto dessas flores e me admirei de não as ter enxergado antes, sendo que passava no mesmo lugar no mínimo duas vezes ao dia!
Parei um pouco, sentei-me ali mesmo, e fui soprando as flores, do jeito que eu fazia quando era criança e continuo repetindo o ato até hoje. Parece que quando vejo as sementinhas suspensas no ar, sendo levadas para o alto pelo vento, sinto-me mais livre, mais leve, mais perto de Deus; e a agitação e os problemas do dia-a-dia, por um instante, voam com elas.
É uma sensação muito boa. Experimente fazer isso e vai perceber que a criança, que você era, ainda está dentro de você e alegra-se com coisas assim, bem simples. Naquele fim de tarde, sentada no muro do canteiro, fui percebendo que havia dias que tinha me esquecido de fazer as coisas simples e descomplicadas, as quais me causam tanto bem.
Tinha permitido que o trabalho definisse minha rotina e roubasse-me a leveza da vida .
Tudo foi passageiro e superado com sucesso, graças a Deus, mas não pretendo repetir a experiência! Sei que não estou imune do ativismo porque me vejo continuamente diante de grandes desafios no exercício da missão assumida, mas continuo buscando o equilíbrio entre o fazer e o ser. Sei que o mais importante diante de Deus não é o que faço, mas quem realmente sou para Ele . Não é o caso de arranjar desculpas, mas a realidade de nosso tempo, considerado a "Era do Desenvolvimento", põe-nos diante do grande perigo que é passar pela vida sem sentir o prazer de viver. Contemplamos uma sociedade "controlada" pela sede do saber, ter e poder, porém, mesmo "sabendo" e "tendo" tanto, não pode viver com liberdade usufruindo do que possui. É preciso empenho para não se deixar levar por essa correnteza, e aí entram a fé e a fidelidade aos nossos princípios de vida para nos sustentar.
Precisamos pontualizar aonde queremos chegar de fato, e seguir em frente sem perder a inspiração inicial. O trabalho é importante e necessário, mas não tem o direito de nos escravizar, a não ser que lhe dermos esta chance. Hoje se a vida está cheia de compromissos e lhe falta tempo para fazer as coisas de que você mais gosta, tenha a coragem de parar – nem que seja um pouco –, e priorizar o que realmente é mais importante para você.

Acredito que terá ótimas surpresas, como eu as tenho tido. Lembre-se: a vida é o que temos de mais precioso! Não se esqueça de viver!
Estamos juntos!

Dijanira Silva
dijanira@geracaophn.com
Missionária da Comunidade Canção Nova, em Fátima, Portugal Trabalha na Rádio CN FM 103.7

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Predileções

Sempre ouço dos mais experientes, maduros e vividos que é preciso conhecer o que é vontade minha para depois questionar a Deus o que Ele espera mim. Tudo bem que as coisas [quase sempre] acontecem de modo diferente da ordem que desejamos ou mesmo planejamos. Pelo menos para mim, não é tão fácil sistematizar coisas tão abstratas, mas que ao mesmo tempo, são bem concretas. Normalmente quem sonha muito alto, viaja muito na maionese, não se conhece tanto. Vai tirando os pés do chão e vivendo uma vida que não é sua. Literalmente, no mundo da lua.
Não quero com isso, dizer que temos que ser céticos, frios ou pouco românticos diante dos nossos sonhos, da vida, dos projetos.
O que seria de nós sem os sonhos!? Posso dizer que na minha vida, eles são o lugar onde me sinto mais humana. Vez ou outra é bom sonhar com inviabilidades [rs]. Digamos que nos faz crescer quando permitimos que Deus e os outros toquem nessa realidade. Os sonhos não são tão íntimos, impartilháveis ou individuais.
Acho saudável sonhar na companhia dos outros, sonhar, especialmente, na companhia de Deus.
Dá mais futuro!

Mas eu dizia sobre a ordem que as coisas acontecem. Me lembro sempre disso as coisas saem do meu controle: Descubro o que eu quero para descobrir o que Deus quer. Hoje, posso afirmar que nem sempre é nessa ordem. Nem sempre foi assim: Apresentar e ser apresentada.

Já descobri tanta coisa em mim e nos outros que, para falar a verdade bem verdadeira, eu não havia escolhido descobrir nem tampouco achei agradável a experiência. Não estava no meu planejamento [rs]. Os frutos do que contrariam nossos mimos e caprichos são fecundos.

É mais saudável confiar que Deus age na naturalidade das coisas. A providência acontece no percurso rotineiro e fiel do cotidiano. O extraordinário é para dar mais sabor aos acontecimentos. Quase sempre, o que não é comum me dá alguns sustos. Acho que é bem nesses momentos que sou arrancada de dentro de mim. Mas é bem no ordinário que eu me conheço. É na calma e inércia, no pacífico de cada amanhecer que me deparo com as insistências, inconstâncias e predileções. Como eu gostaria que fosse o dia de hoje?

Enfim... Sonhar é bom, planejar. Executar, então? Bom demais!
Mas como diz a música¹: "Eu tenho os meus pés no chão, mas sei que meu coração está muito além do que se possa ver."
Amadurecer, crescer, viver... Se houvesse prazos fixos, parcelas, contas, cálculos e fórmulas para a vida, certamente o Manual para comportar-se nas situações mais corriqueiras ou desafiantes estaria disponível nas livrarias.

"Quanto mais fores humano, tanto mais serás divino. Não se toca o céu sem ter os pés no chão"²

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¹ Estrangeiro Aqui - Missionário Shalom
² Padre Fábio de Melo
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Falando em música...
Uma das minhas prediletas.
Ir Kelly Patrícia - Obra Viva

terça-feira, 27 de maio de 2008

terça-feira, 20 de maio de 2008

Sem comentários

[Texto publicado no blog Textificando. Espaço do grande amigo e irmão Paulo Borges, consagrado na Comunidade de Vida Novo Ardor].

Acredito que esta tenha sido, durante algum tempo, minha resposta de toda hora, mesmo que às vezes silenciosa. Às vezes, por ignorância, outras por covardia, outras ainda para me dar a oportunidade de ouvir.
Calar pode ser uma virtude, mas pode também se tornar um grande inimigo. Digo isto por experiência própria. A palavra sugere participação, supõe uma certa preocupação com os fatos e circunstâncias de cada dia. É a reação. Porém, o comentário, protagonista destas minhas palavras de hoje, exige percepção, crítica, pensamento. Comentar não é re-descrever, reproduzir, repetir, mas analisar, repensar a realidade. No entanto, comentários não são sempre bem vindos a todos os ouvidos, e às vezes nem mesmo a quem os pronunciou.
Silenciando dou-me a oportunidade de ouvir. É preparação. Diria que esse silêncio é a melhor reação, por que respostas rápidas demais tendem ao erro. Respostas que demoram costumam ensinar mais, a quem responde e a quem é respondido.
Quero fixar a atenção nestes últimos, já que escrevendo aqui torno-me alvo de comentários. O silêncio dos ouvintes (ou leitores, se preferirem) é, por vezes, uma voz estridente que grita que todo o discurso é vão, já que ninguém o escuta. É a primeira tentação de quem fala e escreve, mas aí se apresenta a oportunidade de ser livre no que se faz, especialmente quando se fala de Deus. Não há obrigatoriedade de que seja o semeador quem realizará a colheita. Tudo é vaidade, e esperar o reconhecimento dos homens o é por excelência. O silêncio é a morada do orgulho que não quer correr o risco de ser julgado e condenado pelas palavras que seriam ditas. Por outro lado, quem fala é atacado pela vaidade, que o faz desejar o reconhecimento de quem o escuta. Dois inimigos que não podem ser vencidos pela fuga, mas apenas pela humildade, guarda e guia de quem verdadeiramente ama a Deus sobre todas as coisas.

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Que a Virgem do Silêncio nos ensine a guardar todas as coisas no coração.

Shalom!

terça-feira, 13 de maio de 2008

É de verdade?

O que é a realidade?
De acordo com o dicionário, trata-se da qualidade do que é real, verdadeiro, o que existe de fato, objetivo e certo.

No domingo me coloquei diante da televisão para... Hum... Eu ia dizer "para ficar melhor informada sobre os acontecimentos do mundo", mas a intenção não foi essa, até porquê, eu sabia que aos domingos, em horário nobre, naquela emissora não havia muita promessa de informação. Se me recordo bem, sentei lá para ficar onde a população da casa estava (rs).
Na TV passava um quadro que, segundo os comentários na sala, mostrava a realidade da vida conjugal. A historinha de domingo mostrava uma esposa inteligente, um marido bruto e insensível, filhos incompreensíveis, casa bagunçada, desordem, adultério, falta de diálogo, infelicidade, exaustão, falta de referencial... Enfim... Falta de Deus. Quiseram me convencer de que estávamos diante da TV assistindo a reprodução da realidade.
“Mas isso aí é o que acontece em 80% das casas. É a realidade.”

Fiquei a pensar em todas as situações que eu vivo, que se apresentam, que contemplo na vida de pessoas próximas ou mesmo no noticiário. Me questionei sobre o que é a realidade, o que é o ideal, os porquês que poderiam dar respostas a tantas dimensões vividas, ao mesmo tempo, em condições tão distintas e às vezes injustas.
Pensei no aborto, na família, nas escolhas que as pessoas têm feito. Logo me lembrei dos discursos retóricos de quem defende a morte, ou dos disfarces de quem omite a vida. Pensei nas desculpas esfarrapadas que eu mesma me dou para Deus ao justificar os meus nãos. Minha fuga do que é essencial e tentativa de convencer o espelho de que dá para enrolar mais um pouquinho para ser diferença na vida dos outros.

Lembrei da fala "inteligente e racional" de quem trata a vida como um embaraço ou um risco à saúde pública. Quanto desperdício de energia!
Mas o que é a realidade? Seja lá o que for, a realidade não é relativa. Não depende de quem a vê, de quem a vive. Não depende do que eu escolho. A realidade, como qualidade do que é Verdade, não é tão mutável como se pensa. Não muda de acordo com as tendências da moda ou com a cultura de cada região.

Só sei que esta não pode ser contemplada por olhos meramente humanos. Tem que ser a partir do olhar de Deus. Foi o que partilhou o Moysés¹. “Se a gente olha para o mundo com o nosso olhar, não somos capazes de ver futuro e sentido em nada. Tudo é uma loucura”, disse ele.
A nossa tendência é, muitas vezes, querer humanizar o que é divino e não o contrário, assim, nós nos esquecemos que Jesus é Deus e Homem. Inteiramente Deus, inteiramente Homem.

Nós que precisamos ser santificados, Deus já é Santo. Nós que precisamos aprender o que e sobre a vida, Deus é o Autor da Vida. Aprender de Deus, com Deus. Ele que é a fonte de toda a nossa formação, santificação e conheciment e não qualquer um que leu uma dúzia de livros e escreveu uma tese, deu entrevistas ou ganhou prêmio de revista científica.

Essa semana eu ouvi alguém falar sobre a proibição da marcha da maconha: "As pessoas têm que ser livres para se expressar". Realmente, eu concordo. Só não concordo que essa expressão, tão poética e defendida por alguns grupos, seja em apologia a uma cultura de morte. Não será a morte só de quem está marchando, mas de muitos outros.
Quem defende a liberdade de expressão independente de suas conseqüências me parece surdo e cego diante do quadro de guerra que se encontram alguns estados do país. Qual o motivo? As drogas [além da falta de tantas outras coisas, essencialmente, de Deus].
Hoje, por exemplo, saiu no jornal a notícia de que uma mãe foi assassinada a tiros na frente dos dois filhos no interior de São Paulo. Motivo: Tráfico de Drogas. Quem estava traficando? Ela? Não. Segundo informações da polícia, um sobrinho². O fato é: Não me interessa quem trafica, quem usa, quem deixa de usar, quem apóia ou desapóia. Me interessa as vidas perdidas, vidas - que ao meu ver não se classificam inocentes ou culpadas - mas vidas.
Vida dos meus irmãos, vidas dos jovens do mundo inteiro, dos pais desses jovens, vida das famílias, vidas! Vidas que talvez nem conheceram a verdadeira alegria, o sentido, os sabores e cores do existir. Vidas que, porventura nem conheceram a Jesus.

Isso que vemos hoje é a realidade? Não. Não é a realidade porque não é o plano de Deus que se concretiza. Não é real porque não é verdade.
E a culpa é de quem? Também não me interessa. Me importa fazer a diferença, hoje. Mesmo que seja dentro da minha casa, na minha rua, na minha cidade.
Me acalma e me deixa segura saber que não são os meus esforços, minha boa vontade que farão essa diferença, mas a minha adesão à Jesus Cristo, minha entrega, minha vida perdida na Vida dEle.
Realidade? O pensamento de Deus a respeito da humanidade, essa sim é a realidade a qual devemos perseguir.
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¹ Moyés Louro Azevedo - Fundador da Comunidade Católica Shalom.
² Mãe é assassinada na frente dos dois filhos - O Estado de S. Paulo (13/5/2008)
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Shalom!
;-)

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Sinonímia

O gosto
A cor, descolor
A decolagem
A espera
A celebração
A farofa com passas
O tempo tem sabor, tem cor, espaço
O tempo tem tempo
Tem endereço, registro geral e cadastro de pessoa física
O tempo tem nota, acorde e expressão
A fidelidade no grão
A fidelidade no fruto, na árvore
Os sinais têm gosto de pão, pão sovado, pão de queijo e café preto
As impressões têm cheiro de imprecisão, cheiro de exatidão
Letras e quilos de sentido, significado e signo
O investimento no invisível, mistério e verdade
Promessa? Não, não. Só certeza.

terça-feira, 6 de maio de 2008

A Inominável...

de Cecília Meireles

Leve... - Pluma... Surdina... Aroma... Graça...
Qualquer coisa infinita... Amor... Pureza...
Cabelo em sombra, olhar ausente,
passa como a bruma que vai na aragem presa...
Silenciosa. Imprecisa.
Etérea taça em que adormece luar... Delicadeza...
Não se diz... Não se exprime... Não se traça...
Fluido... Poesia... Névoa... Flor... Beleza...
Passa... - É um morrer de lírios...
Olhos quase fechados... Noite... Sono...
O gesto é gaze a estender-se, a alargar-se...
- E enquanto vão fugindo aos passos teus,
Visão perdida, chovem rosas e estrelas pela vida...
Silêncio! Divindade! Iniciação!

___

Deus construiu - constrói - e sugeriu-me a melhor parte, e eu optei por ela. Essa não me será tirada.

:-)

quinta-feira, 24 de abril de 2008

"Senhor, vós que sempre quisestes ficar muito perto de nós, vivendo
conosco no Cristo, falando conosco por Ele, mandai vosso Espírito Santo a fim de que as nossas ofertas se mudem no Corpo e no Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo"

(Oração Eucarística V)

sexta-feira, 18 de abril de 2008

“A saudade faz milagres”

Como é bom ser surpreendida. Às vezes procurar o que é certo no lugar errado e acabar descobrindo que mesmo diante de escolhas erradas, Deus dá a chance do recomeço. Tantas vidas, meu Deus, encontraram a minha vida. E eu que pensava que podia escolher o que levar delas e o que deixar de mim em cada coração.

Eu imaginei que dava para guardar meu coração numa mochila, num pedaço de papel, pensei que o meu amor cabia no porta malas de um fusca, em uma canção. Achei que minha saudade poderia ser contida no silêncio e na espera. Não, não dá.

Sou um mistério, sou uma verdade, só encontro lugar para guardar tudo que há em mim no Teu coração. Só caibo aí no Teu lado aberto. Só me sinto segura se me encontro dentro de Tuas chagas gloriosas. Chagas que foram abertas pela dor, mas de lá nunca saiu outra coisa a não ser amor.

--
Hoje um grande amigo me visitou. O nome dele é Irmão Cassius, [Cassius – o soldado que feriu o lado de Jesus e sobre ele jorrou água e sangue, aquele que provou do amor e da misericórdia]. É um amigo de alma, amigo que toca a alma. Um toqueiro simples, de pés no chão, o coração mais puro que já conheci. Um amigo que visitou meu coração com a paz do Ressuscitado.

Amigo dado de presente por Jesus Sacramentado. Instrumento fundamental para entender que Deus fala quando eu calo. Um moço da roupa marrom que nunca teve medo de me dizer o óbvio, o que ele tem certeza que eu sei, mas que preciso ouvir. Amigo que transbordou o carisma da Toca de Assis para mim e me ensinou a adorar Jesus [também] caladinha, sem dizer, sem cantar.

Um dia eu perguntei:
Como você adora Jesus sem dizer nada pra Ele?
Sempre, sempre, sempre sorrindo, ele respondeu: “Adorar é ficar com Jesus”.

Acho que a pretensão dele nem sempre é me ensinar coisas, em meio minuto de conversa, sempre há o que aprender com ele. Nem sempre eu tenho o que dizer e nem sempre quem me ouve sabe responder. Amigos simplesmente ficam. O silêncio também é comunicação, silenciar também é amar.



Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um tesouro.[1]



Amigo que mesmo lá longe, em São Paulo, me visita, me encontra, me conforta e consegue dizer,
sem dizer, olhar sem olhar. É quase engraçado o ouvir dizer: “Não desista de mim”.

Como desistir de um amigo? Por que desistir de alguém? Sei que sou capaz, mas algumas pessoas chegaram até mim por Tua intervenção. Quando é feito por Ti, meu Deus, não há condição alguma que destrua os jardins regados pelo Teu cuidado e Providência.

“A saudade faz milagres” – Pe Roberto Lettieri

Penso hoje em todas as saudades que trago em meu peito. Saudades apaixonadas que fazem verdadeiros milagres em meu coração. Saudades que me levam à oração, saudades que me obrigam a sair de mim e chegar mais perto de Ti, saudades de um cheiro, de um abraço, de um mingau no fim do dia. Saudade de um canto, de uma cor.

Quando esqueço que sou gente, logo uma saudade me lembra que Deus me fez assim: tão humana que não dá para ignorar ou fingir o resultado de uma ausência.
A própria saudade que tenho de Ti me faz contar com a graça de sempre ser encontrada, e nunca encontrar-Te primeiro.
--

Hoje, vivo milagres! Saudades que me transportam e são capazes de me acalmar.
Saudades que oferto. Saudades que, às vezes me pego tentando calcular as medidas para guardar em algum cantinho, algum bolso, alguma gaveta do meu armário, mas logo desisto. Elas não cabem nem em um caminhão, só encontram lugar no coração de Deus.

[1] Eclo 6,14

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Put your records on!

Three little birds, sat on my window
And they told me I don't need to worry.
Summer came like cinnamon ,so sweet,
Little girls double-dutch on the concrete.

Maybe sometimes,
We’ve got it wrong, but it's alright.
The more things seem to change,the more they stay the same.
Oh, don't you hesitate.

Girl, put your records on,
tell me your favorite song.
You go ahead, let your hair down.
Sapphire and faded jeans,
I hope you get your dreams.
Just go ahead, let your hair down.
You're gonna find yourself somewhere, somehow.

Blue as the sky,sunburnt and lonely.
Sipping tea in the bar by the road side.
(just relax, just relax)
Don't you let those other boys fool you.
Gotta love that afro hair do.
Just more than I could take,pity for pity's sake.Some nights kept me awake,
I thought that I was stronger.
When you gonna realize,that you don't even have to try any longer?
Do what you want to.

Girl, put your records on,tell me your favorite song.
You go ahead, let your hair down.
(go let your hair down)
Sapphire and faded jeans,
I hope you get your dreams.
(hope get your dreams)
Just go ahead, let your hair down.
(Baby, let your hair down)
- Corine Bailey -

domingo, 13 de abril de 2008

Ação de Graças: Meu desafio.


"Em todas as circunstâncias, dai graças, porque esta é a vosso respeito
a vontade de Deus" (I Tes 5,18)



Agradecer, agradecer e agradecer. Mesmo que o tempo não pareça favorável, - nem mesmo para mais que uma lauda de partilha neste espaço - mesmo que o sol queime, o vento resseque, a chuva assuste e as flores amarelas pareçam ter perdido o brilho. Agradecer porque é o tempo do plantio, de fazer morrer as sementes, de regar, violentar o coração, furar o solo, mexer, cuidar, silenciar. Pedir o auxílio, juntar esforços. Agradecer porque Ele dá a força necessária e está comigo nos momentos mais doídos, me conta segredos e, ao mesmo tempo que me pede serenidade, me dá a paz. Agradecer em um ato de fé, agradecer na verdade, na sinceridade, sem ignorar ou mascarar, sem construir ou mesmo destruir o que não precisa ir ao chão. Agradecer e abrir-se à formação do Autor. Desafiar-me à ação de graças e renunciar somente ao que Ele me pede. Viver na gratidão e tudo colocar em Suas mãos. Nada mais do que é pedido por Ele. Agradecer e suplicar Sua intervenção. Somente agradecer... Render e calar meu coração diante dos largos, plenos e benditos projetos. Agradecer e acreditar, mesmo que seja um minuto só, que Ele é Fiel e cumpre Suas promessas. Depois do primeiro minuto, decidir-se pelo segundo minuto, ser grata e confiar no terceiro minuto, no quarto, no quinto... E assim, descansar no cuidado dEle.





"O que agrada a Deus em minha pequena alma

É que eu ame minha pequenez
E minha pobreza
É a esperança cega que tenho em Sua misericórdia"


quarta-feira, 2 de abril de 2008

Esperei no Senhor com toda a confiança. Ele se inclinou para mim, ouviu
meus brados.

Tirou-me de uma fossa mortal, de um charco de lodo;
assentou-me os pés numa rocha, firmou os meus passos; pôs-me nos lábios um
novo cântico, um hino à glória de nosso Deus.

Muitos verão essas coisas e prestarão homenagem a Deus, e confiarão no Senhor. Feliz o homem que pôs sua esperança no Senhor, e não segue os idólatras nem os apóstatas.


Senhor, meu Deus, são maravilhosas as vossas inumeráveis obras e ninguém vos
assemelha nos desígnios para conosco. Eu quisera anunciá-los e divulgá-los, mas
são mais do que se pode contar.

Não vos comprazeis em nenhum sacrifício, em nenhuma oferenda, mas me abristes os ouvidos: não desejais holocausto nem vítima de expiação. Então eu disse: Eis que eu venho.

No rolo do livro está escrito de mim: fazer vossa vontade, meu Deus, é o que me agrada, porque vossa lei está no íntimo de meu coração. Anunciei a justiça na
grande assembléia, não cerrei os meus lábios, Senhor, bem o sabeis.

Não escondi vossa justiça no coração, mas proclamei alto vossa fidelidade e vossa
salvação. Não ocultei a vossa bondade nem a vossa fidelidade à grande
assembléia.

E vós, Senhor, não me recuseis vossas misericórdias; protejam-me sempre vossa graça e vossa fidelidade, porque males sem conta me cercaram. Minhas faltas me pesaram, a ponto de não agüentar vê-las; mais numerosas que os cabelos de minha cabeça. Sinto-me desfalecer.

Comprazei-vos, Senhor, em me livrar. Depressa, Senhor, vinde em meu
auxílio.

[...]

Ao contrário, exultem e se alegrem em vós todos os que vos
procuram; digam sem cessar aqueles que desejam vosso auxílio: Glória ao
Senhor. Quanto a mim, sou pobre e desvalido, mas o Senhor vela por mim.
Sois meu protetor e libertador: ó meu Deus, não tardeis.

Salmo 39

segunda-feira, 24 de março de 2008

Minha casa, meu lar...


"Ó noite em que Jesus rompeu o inferno,
ao ressurgir da morte vencedor:
De que nos valeria ter nascido, se não
nos regatasse em Seu amor?"

Proclamação da Páscoa - Exulte

Eu pensei muito no texto que escreveria para partilhar a páscoa, a ressurreição, a alegria, a vida do Senhor Jesus... Pensei tanto que não consegui antever a direção que tomariam as letras.

Na verdade, acho que o mistério é tão intenso e profundo, alcança bem e tão lá no fundo do coração - se é que coração tem fundo - que eu não dou conta de estabelecer um raciocínio lógico acerca do que se passa. Tudo é tão simples, mas tão sobrenatural e revestido de sacralidade, uma obra tão bela, humana e divina! Descubro que não tenho tanta intimidade com as letras, que não é fácil dizer, escrever, cantar ou arriscar qualquer expressão precisa. Estamos falando dos feitos dAquele que é inefável!

No caminho vou entendendo que Deus me quis tão perto porquê, definitivamente, longe, eu não saberia andar.

O meu coração é mais uma vez surpreendido pelo amor misericordioso de Deus. O dia 18 de março de 2008 foi só o começo, o dia que Deus confirmou minha identidade, meu sentido, a esponsalidade a qual sou chamada. Meu coração é missionário! O passo é quase que minúsculo e, por alguns, incompreensível diante das renúncias e escolhas que me são necessárias para viver o que Ele pede.

Eu, sinceramente, não sei dizer, não faço tanta questão de explicar, brigar com as letras, ou uní-las em um poema, ou mesmo musicá-las, só quero viver.

Se eu encontrei o meu lugar?

Sim, eu encontrei o meu lar! Porque um Novo dia surgiu!

"Dentro da mesma e única vocação Shalom e
segundo o seu carisma, encontramos o chamado do Senhor para irmãos viverem o
seguimento a Nosso Senhor Jesus Cristo e Seu Evangelho em meio às atividades
profissionais e familiares do século presente, colocando porém, esta vocação
como a grande prioridade de suas vidas e direcionando suas atividades
profissionais segundo a vocação Shalom (...) A esta dimensão de nossa
vocação chamamos Comunidade de Aliança" (ECCSh 170).

Obrigada, Jesus, meu Amado!

ps: Aproveito para denunciar aqui o meu carinho e gratidão a Deus pelos meus 7 irmãos de célula comunitária! São os postulantes mais lindos dessa missão [uhuuuuu]! [ Gilson, Vander, Orlando, Odiléia, Eli, Lili e Maria Tolinha]

ps2: Tudo que Deus faz é para sempre! Ecle 3,14a

Shalom! Feliz Páscoa, Cristo Ressuscitou!!!

;-)

http://www.comshalom.org/

quarta-feira, 19 de março de 2008

Cruz

É inevitável experimentar do Amor e não mergulhar no mistério da cruz...

Obrigada, Senhor, porque a iniciativa é sempre Tua!

E mesmo sem calcular ou medir os sacrifícios que escolhi para acompanhar-Te na subida ao monte, Tua Providência reuniu cuidadosamente o que é importante e essencial para a minha desinstalação. O lugar que era seguro já não me sustenta... Assim, só tenho a Ti.

Como disse a pequena madre de Calcutá "Quando é amor, dói".

Aqui estou, inteira e fragmentada, disposta a subir Contigo e no terceiro dia me alegrar com a promessa cumprida.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Cidades que falam

Quem visita uma cidade pela primeira vez encontra muitas surpresas, ruas pequenas, ruelas, ruinhas, casarões, casebres, sobrados. Barracos e mansões. Quem se propõe a conhecer uma cidade, dentro de si carrega a disposição de encontrar também o que não é tão desejável de ser contemplado. E por isso, antecipa soluções, prepara o olhar e o coração para o que pode encontrar. Ao mesmo tempo, é vital o desejo e a alegria de explorar e arriscar-se para encontrar o que é desconhecido.

Seja para encontrar o que se ama ou para uma simples e despretensiosa - considerando que isso seja possível - visita, ao chegar na cidade será inevitável perceber que há vida, há pessoas, costumes e que nem todos que habitam alí esperam sua visita. Há outros...

Pessoas são como cidades inteiras! Nelas encontro lugarejos, becos perigosos, crescimento desordenado. Mas encontro portões abertos, calçadas, crianças brincando na rua. Sol, luz, árvores férteis e generosidade. Encontro adubo para fecundar meus jardins, alegria para eternizar meus dias, flores para encantar minhas vielas.

Conheço algumas que são como Brasília, hora faz Sol, alguns minutos depois, muita chuva. Muitas fases, incosntância e confusão. Para ser mais precisa, indefinição. Mas um céu de beleza inexplicável, horizonte limpo e por do sol potencial para o finalzinho da tarde. Gente que um simples "pão de queijo com suco" faz do dia mais especial!

Algumas são como Fortaleza... Um imenso labirinto! As ruas são quadradinhos iguais e surpreendentes, em poucos minutos, surpresas, alegrias e engarrafamentos. Cada esquina é uma novidade. Cada conversa, uma descoberta! E quando menos se espera: Lá está ele, o mar. Tão imenso que dá vontade de ficar por lá. Pessoas de alma enlarguecida, beleza e essência que são característica de quem os fez. Não haveria outra explicação ou justificativa. As obras sempre carregam o que é próprio de seu autor. São "pessoas-cidades" que dá vontade de topar tudo só para estar perto delas, dentro delas!

Talvez não faça muito sentindo comparar pessoas a cidades, até porquê, como já escrevi aqui um dia, comparar-se é coisificar-se.

Mas observando bem, pessoas são como cidades, sim (risos)... Cidades que têm pernas, braços, coração e decisão, identidade. Cidades povoadas, desertas, abandonadas ou grandes metrópoles.

Abrem e fecham portas, entram e saem da minha cidade. Fazem história e marcam suas pisadas no solo da minha vida.

Cidades imprevisíveis! De algumas eu tenho o mapa, conheço quase todos os endereços e eventos. Sou capaz de sair da minha e me virar muito bem se para lá viajo. Mas nunca estarei isenta da surpresa. Mesmo trazendo em meu coração o buraco de cada pista, a cor de cada flor, as impressões, placas, sinais.

Sempre é um risco viajar para a cidade alheia... Abrir minhas portas para visitação, então!!!



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As maiores e duras quedas


Uma grande e fiel decisão


Só podem partir de um lugar


Vem coração…Renúncia, dor e alegria


Surpresa, perdão, euforia


Só podem partir de um lugar


Vem coração…Lidar consigo mesmo


É trabalho de artesão


Fio a fio e leva tempo


Pra dominar o coração


Capaz de sorrir, capaz de odiar


Destruir e recomeçar, recomeçar


O coração foi feito somente pra amar


Capaz de acolher, capaz de chorar


Se perder e reconciliar,reconciliar


O coração foi feito somente pra amar


Mais lindo encontro não há


Deus no coração de minh’alma


A nada se comparará


Esse encontro


De Coração e coração com Deus
- Ziza Fernandes -