terça-feira, 15 de junho de 2010

Obra Nova

“É um caminho de felicidade, mas nem por isso deixará de ter barreiras, dificuldades, sofrimento. Diria até que, exatamente por ser um caminho de felicidade, tudo isso irá existir. Para trilhá-lo, deveremos ter três grandes graças: CORAGEM, RENÚNCIA E DISPOSIÇÃO para abraçá-lo.”¹
De dentro para fora... No amor, na verdade, no cuidado. Igualzinho a uma folha seca, aparentemente sem vida, mas, na verdade, tão viva que sabe responder, sabe se render, sabe dizer exatamente onde espera chegar, mesmo que esteja sendo levada. Sabe que é no vento, no abandono, na liberdade de ser arrastada pelo amor, pela providência.
Que obra nova é essa, Senhor? É amor, é dor, é a experiência da inutilidade, da secura, do vento, do outono, de dependência. É deserto, é manhã, é vontade. É certeza de um sim definitivo, mas que é provado no calor do sol. É também um olhar que se desvia, que faz perder a direção, a referência.
Algo aqui está morrendo, morre porque deve morrer, para que o novo brilhe. A obra nova, a saciedade, a via no deserto, a seiva na folha.
São as sementes que morrem no silêncio da terra. Morrem, ganham corpo e caminham para florir. Flores que só permanecem na memória, pois são frágeis e não foram criadas para durar. A única coisa que fica da primavera, na verdade, não é a beleza das flores, mas o que elas deixam dentro de mim.

Amor...
Ser e fazer
Amor
Partir e permanecer
Amor
Sorrir e chorar
Amor
Calar e cantar...
Amor
Perder e ganhar

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[1] Moysés Azevedo – Escrito Obra Nova