
Hoje o assunto é cuidado, espera, providência, compromisso. Hoje posso ser mais clara nas letras. Hoje posso nomear as benditas letras. O meu assunto tem nome: É Camilo.
Hoje posso gritar para o mundo todo ouvir. Gritar o quê? Que Deus é Fiel... Não como um jargão que se escreve em outdoors, pontos de ônibus, guardanapos ou bloco de anotações, ou mesmo algo que se diga para convencer algum coração sem a experiência de se colocar inteiro e disponível a essa fidelidade. É o grito de uma moça que experimenta da fidelidade de Deus, do Amor paciente, compassivo e tolerante de Deus.
Um caminho difícil, educador, cheio de alegria, bom humor, desafios... Sim, um caminho longo. Pouco mais de 300 dias de espera consciente. Nos 300, eu observei, mapeei alguns gestos, conheci, me dei a conhecer... Encantei e fui cativada, me doei e recebi muito mais do que esperava. Confiei, desconfiei. Aproximei-me, fugi, corri, não me cansei, não desisti... (chorei muito, rs). Apaixonei-me (!) Então, foi-me revelada, silenciosamente, uma figura singular. Especialmente especial em todos os sentidos. Um rapaz diferente de todos... Diferente de mim, mas ao mesmo tempo, tão igual. Um filho da Virgem. Tão belo de longe, mas havia sempre a inquietude da necessidade de tê-lo mais perto, mais ainda e mais um pouco. Não ao lado ou próximo a mim, mas como é hoje, do lado de dentro.
Abro um parêntesis para fazer menção às minhas partilhas sobre o tal singular com o Padre Eduardo, minhas dificuldades em compreender o que as palavras mudas, o olhar falante e um elo, que superava toda e qualquer incoerência, A Vontade de Deus.
E eu encontrei consolo, refúgio. Eu encontrei o colo da Virgem Maria, que de forma particular, desde o início, na figura da Virgem da Ternura, literalmente, nos abraçou. Abraçou a nossa causa como aquela que está disposta a antecipar as horas e atrasar todos os relógios do mundo para que seus filhos, Narlla e Camilo, segurassem a onda e vivessem a vontade de Deus. Nossa Senhora do Silêncio, que mesmo nas lutas sangrentas que eu tinha com a minha vontade, não desistiu de me amar e me formar, ensinando que sempre, sempre, a Vontade de Deus é o melhor lugar, o tempo dEle é o oportuno, e por mais de 300 dias, o silêncio, a espera e a oração, eram, de fato, o lugar mais seguro. O terreno mais fértil para "segurar a onda" e as ondas que viriam.
Foi aí o confronto arrojado das marcas que o pecado deixou em mim com a esperança e chamado a viver e lutar em um caminho novo.
A Senhora da Paz, que no dia 8 de julho, quando ele ligou para dividir comigo a notícia de que partiria em missão, pela Igreja, como Shalom, para a Inglaterra – ficar lá por 2 anos – me conduziu ao coração de Jesus. Levou-me para lá porque com a minha inteligência e minhas pernas curtas eu não chegaria nem na esquina. Foi a Senhora da Paz que me levou à Paz. De julho até hoje... Meses se passaram, os fatos, aparentemente, tornaram-se mais incoerentes ainda. Deus, por sua vez, não. Deus, sempre coerente e constante. Sempre justo, diante da minha infidelidade e imaturidade. Minha cegueira e questionamentos. Hoje eu olho para trás e agradeço a Deus por tudo que disse a Ele, todas as vezes que quis fugir, mudar de cidade (rs), correr pra longe, longe de mim, longe dos meus formadores – que têm papel fundamental nessa história toda. Nossa liberdade, a minha e a de Deus... Como ela cresceu – e como ela vai crescer!
Então, um belo dia, Deus me deu uma graça especial. O Amor é a renúncia dos bens pequenos por um Bem Maior. O amor é livre, liberta, acredita e me conduz, sem hipocrisia e falsa modéstia, ao último lugar. Primeiro Deus, depois a humanidade, depois... Feliz última, feliz terceira, feliz Narlla.
A Virgem da Paz à frente, com o relógio na mão e com as graças, também.
O tempo passou... Eu experimentei, inexplicavelmente, junto com ele, que o que é de Deus não passa em 300 dias, em 2 anos, o que é de Deus fica. Simples, Íntegro e Coerente. Deus é assim... Não deixa nenhuma obra inacabada, nenhuma semente sem cuidado, nenhuma cruz sem ressurreição. Deus nos marca todos os dias com Sua perfeição, porque, sabendo que somos os piores, os vasos de barro, nos dá a coragem dos que deram a vida por Ele para alcançarmos o céu.
E nós somos felizes, felizes terceiros, felizes missionários, felizes namorados.
E a Obra de Deus está apenas começando!
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Shalom!
"A medida da espera será a medida da alegria" - Maria Emmir Oquendo Nogueira